Fico pensando sobre Deus e me vêm inúmeras questões a respeito de Seu relacionamento com o ser humano. Isso porque há poucos dias estávamos mergulhados nos mistérios da redenção: Jesus, o filho do Deus altíssimo aceitou ser entregue por amor à humanidade. Agora, no domingo próximo celebraremos a Festa da Divina Misericórdia, fico pensando o que mais Deus tem para nós?
Criou-nos a Sua imagem e semelhança, nos cumulou de dons e capacidades somente reservadas aos seres humanos; preparou, após a desobediência de Adão e Eva, um plano de salvação que envolveu patriarcas, profetas e mártires; na plenitude dos tempos deu seu filho à humilhação e morte de cruz para nos salvar e santificar; enviou homens e mulheres santas para passar também por agruras neste mundo e nos trazer mensagens de esperança e apelos de mudança... Mas para que tudo isso?
Deixando um pouco esse questionamento pensemos acerca de um desses homens que Deus nos enviou: O Papá João Paulo II. As últimas lembranças que trago dele é de um homem frágil, cujas mãos trêmulas e cabeça baixa, demonstravam debilidade. Mas seria mesmo essa a verdade sobre aquele que ficou conhecido como o peregrino do amor? Sabemos que não. O Santo Padre foi um dos enviados por Deus com a missão de levar a Boa Nova a todos os povos e assim o fez, com amor e zelo. O futuro beato era sem dúvida um homem de oração. Imagino-o em oração contemplativa e profunda, daquelas que nos elevam e ponto de ouvirmos nitidamente a voz de Nosso Senhor ao coração. Podemos constatar isso na forma como vivia sua missão.
Outra lembrança que trago, bem mais marcante que a aparente fragilidade, é a de suas chegadas aos países que visitava em peregrinação: ajoelhava-se e beijava o solo. Nos tempos de Jesus o beijo era um símbolo de fraternidade e de respeito, os convidados a um banquete eram beijados à entrada da casa – cf. Lucas 7. 45; os antigos cristãos se saudavam com um beijo – cf. Romanos 16.16. Um dos que não esquecemos foi o beijo de Judas, o beijo da traição, tornou-se tanto mais vil e odioso devido ao fato de um ato de amor fraternal ter sido usado como ato de deslealdade – cf. Mateus 26. 49. João Paulo II beijava o solo que visitava em sinal de fraternidade, humildade e respeito. Ouso compará-lo ao beijo que os padres dão no altar do sacrifício, pois Deus fez o nosso planeta e, assim, todo solo é santo, porque d’Ele é criação e de onde o homem retira seu sustento. O beijo de João Paulo era o beijo de adesão à cruz de Cristo, fazendo a Páscoa durante toda sua vida sacerdotal.
João Paulo II foi e sempre será retrato da misericórdia de Deus, sua vida nos inspira bondade, humildade e serviço ao plano salvífico de Deus para a humanidade. A partir disso, podemos voltar a pensar sobre os questionamentos iniciais que nos instigam nesta reflexão: o que mais Deus tem para nós?
Em Maio de 2000, o Papa João Paulo II, instituiu a Festa da Divina Misericórdia para toda a Igreja, decretando que a partir de então o segundo Domingo da Páscoa passaria a se chamar Domingo da Divina Misericórdia. Vemos nesta inspiração divina mais uma demonstração do amor de Deus por nós e que toda a história da salvação está marcada pela revelação de um Deus que não pactua com o mal (o pecado, a soberba, a mentira, o ódio etc.), mas que vence o mal pelo bem, ou seja, com seu amor misericordioso para com o pecador, com seu coração paterno que se “contorce” pelos filhos (Os. 11,8).
Jesus, o Cordeiro de Deus, agora glorioso, vem a nós jorrando água e sangue de seu santo coração. E, na promessa à Irmã Faustina, uma humilde religiosa polonesa, diz: "Neste dia, estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das penas e culpas. Neste dia, estão abertas todas as comportas divinas pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de mim.”
Não bastasse o sacrifício de Jesus, mas uma vez o amor misericordioso de Deus é derramado de forma generosa sobre a humanidade, trazendo aos pecadores, cujas almas agonizam em um aparente bem estar, nova oportunidade de salvação, quem sabe a última: “Minha filha, fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça” (D. 848); “Estou dando à Humanidade a última tábua da salvação, isto é, o refúgio na Minha misericórdia” (D. 998; cf. 1228).
Eis o que Deus ainda tem e sempre terá por nós: misericórdia. Não desiste de nós porque nos ama e nos diz como devemos nos derramar neste amor. Suplicar-lhe que nos lave nesse mar de amor generoso. De nossa parte cabe pautar nossas vidas à semelhança de Maria Santíssima e de João Paulo II, servos fieis e continuamente unidos a Deus, em súplica pela humanidade. Sejamos vigilantes e que a mensagem da divina misericórdia nos ajude a viver em constante processo de reconciliação com Deus!
"Nenhum de nós poderá esquecer que no último domingo de Páscoa de sua vida, o Santo Padre, marcado pelo sofrimento, foi até a janela do Palácio Apostólico Vaticano e deu a bênção ‘Urbi et Orbi’ pela última vez. Podemos estar seguros de que nosso amado Papa está agora na janela da casa do Pai, nos vê e abençoa. Sim, abençoe-nos, Santo Padre”. (Bento XVI)
Jesus, eu confio em Vós!
Por Dora Adriana Cunha
O homem não tinha esperança de nada além da culpa do pecado, “ para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Hebreus 8:12)
ResponderExcluirGratos somos Senhor, pela tua Santa Paixão nos remistes esse ATO DE AMOR nos é um refúgio eterno. Percebemos por que precisamos apreciar,amar e viver a misericórdia de Deus?
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:16).
Jesus eu confio em vós!!!!
Mara Rúbia