domingo, 15 de maio de 2011

RESSUSCITEI E ESTOU COM VOCÊ...

Todo o tempo pascal é marcado pelo mistério da "passagem" de Nosso Senhor pela morte. Este triunfo, extremamente profundo, jamais pode passar sem que reconheçamos que Deus nos ama e nos convida a fazer da nossa vida uma contínua páscoa, seguindo fielmente os passos de seu filho muito amado, testemunhando-o corajosamente no mundo de hoje.
Que a luz do Cristo Ressuscitado nos ilumine para que possamos ser LUZ para o mundo!

“Ressuscitei e estou com você...
‘porque meu 
amor é para sempre’ (cf. Sl 136).
Estas não são simples palavras...
são gestos concretos da 
Páscoa de Jesus.
Tudo lhe aconteceu nesta terra:
perseguições, sofrimentos, morte.
Mas nele venceu a 
fidelidade, o amor, a vida.
Sim, a Vida teve a última palavra.
Com sua ressurreição, Jesus nos fez
renascer como ‘povo da Páscoa’.
Povo que assume a causa pela qual ele
veio a este mundo: ‘Que todos tenham vida...’:
àqueles que buscam paz, dignidade humana,
liberdade, saúde, solidariedade, amor.
É Páscoa: tempo de esperança e ação.
Tempo para começar uma vida nova,
na certeza de que, nas mãos de Deus,
até a morte pode transformar-se em vida.
Depois da ressurreição, a cruz tornou-se
testemunho de amor, sinal de esperança.
É o poder de Deus que se manifesta
na humildade e no serviço dos que crêem.
Que a luz do Ressuscitado ilumine seu caminho
e lhe dê forças para prosseguir.
Com certeza, todas as noites escuras
acabam tendo sua aurora.
Que a Páscoa aconteça em sua vida!
Creia e alegre-se: ela já está acontecendo.”
(Autor desconhecido)
Por Dora Cunha

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O CANTO DE DEUS ECOA EM NÓS (Por Ângela Silva)

“Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística — de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator... —, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade” (Beato João Paulo II, Carta aos Artistas).
Amado(a) irmão(ã), vamos tratar aqui da preciosidade que é compor uma canção e utilizá-la na igreja em favor da evangelização e, de início, podemos refletir sobre a fonte das músicas que temos na nossa igreja.
Todas as canções que ouvimos na igreja foram feitas por alguém. Alguém que teve um impulso do Espírito Santo que soprou uma inspiração seja para letra e/ou melodia. E essas pessoas disseram sim e foram construindo a canção. Certamente mostraram a um amigo ou conhecido que deu muito valor e então a canção foi se espalhando como vento sobre a terra. Semeando corações. Acalmando almas. Direcionando os amados de Deus para Ele.
Uma vez me perguntei: seria eu capaz também de fazer uma canção? Pedi a Deus. Fiz a primeira: uma melodia para uma oração que foi publicada no Jornal Voz de Nazaré há muitos anos e com ela fui fazendo minhas orações. Gostei da experiência e então Deus despertou em mim essa vocação artística para compor. Viu um terreno fértil e foi lançando sementes e os frutos foram aparecendo, e já posso dizer que estão em 100 por 1. Se eu consegui então você também pode! Se não tens o talento, ‘‘peça a Deus, com alegria Ele dá!’’ – como diz o Dunga numa de suas centenas de músicas.
“Nesta perspectiva, faço-vos um apelo a vós (...) de modo especial a vós, artistas cristãos: a cada um queria recordar que a aliança que sempre vigorou entre Evangelho e arte, independentemente das exigências funcionais, implica o convite a penetrar, pela intuição criativa, no mistério de Deus encarnado e contemporaneamente no mistério do homem” (Beato João Paulo II, idem).
A música católica hoje em dia tomou uma dimensão enorme. Temos gravadoras católicas que a cada dia lançam novos artistas (ministérios, bandas e cantores solos). São pessoas que toparam o desafio de colocar para o mundo aquilo que ecoa dentro de duas almas. Além desses que estão na mídia, existem milhões escondidos que fazem, na maioria das vezes, as canções mais simples e belas e que caem de vez na boca do povo e nunca se sabe quem fez. Nisso, recordemos então da Palavra que diz: ‘‘O vento sopra aonde quer, você ouve o ruído, mas não sabe de onde vem, nem pra onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito’’.
Não tens o dom? Tens certeza disso? Fazes uma experiência. Pedes que o Espírito Santo te faça renascer e acredite que Ele fará por você coisas tão extraordinárias que nem imaginas que podes.
Não desista só em pensar nas tuas limitações. Não queira saber como é ou qual é a receita para fazer uma música. Não tem receita. Quem tem Deus habitando e cantando dentro de si, já tem tudo o que precisa. É só colocar para fora. Acredite em você, meu irmão, minha irmã. Quero um dia ouvir seu testemunho dizendo como foi essa experiência. Se você fizer uma canção e quiser partilhar com alguém, pode me procurar e vamos juntos conhecer essa bela obra de Deus! Já dou glórias a Ele pelas maravilhosas canções que Ele fará através de você!
Termino aqui com o refrão de uma canção que fiz, chamada Profecia, que tem o objetivo de não fazer você desistir jamais:
‘‘Existe um mundo que vai acolher a sua voz. Existe uma terra que vai acolher sua semente. Existe um homem de coração duro que ao te ouvir vai se abrir a ação do Senhor. / Existe um jovem que vai desistir de se matar. Existe um menino que vai aprender sua canção. Existe no peito um coração vivo que pulsa ao sentir fortemente a ação do Senhor’’.
Um grande abraço,
E o Deus da paz esteja com todos vós. Amém. (Rom 15, 33).

Ângela Silva


angelpublicitaria@hotmail.com


segunda-feira, 9 de maio de 2011

MUITO OBRIGADO, E SEJAM SEMPRE BEM VINDOS!

Hoje, 09 de maio, completamos nosso primeiro mês de CANTO CATÓLICO ICOARACI e agradecemos a todos que nos visitaram nesses dias. Agradecemos também aos membros do grupo e padres que tem contribuido conosco, com suas reflexões acerca das várias temáticas abordadas.
 A todos, de coração, o nosso MUITO OBRIGADO, E SEJAM SEMPRE BEM VINDOS!

domingo, 8 de maio de 2011

III DOMINGO DA PÁSCOA (Por Pe Agostinho)

Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças
III DOMINGO DA PÁSCOA
Dia das mães
Emaús, um caminho de fé; uma caminha para a descoberta de um grande tesouro, a Eucaristia.
Neste caminho de Emáus, vamos aos poucos descobrindo a pedagogia amorosa de Deus. Ele, através da morte e ressurreição de Seu Filho, vai descortinando o coração do homem para que vejam e creiam que tudo está acontecendo conforme a sua vontade. A Sagrada Escritura atesta que a tragédia acontecida com Cristo fora predita pelos profetas. Sempre a Bíblia, ao lado dos sacramentos, vai revelar-nos o projeto de Deus a nosso respeito.
Neste itinerário de fé, que é o caminho de Emaús rumo à Jerusalém, os discípulos, verdadeiros amigos de Jesus, vão poder fazer a passagem progressiva do desencanto a respeito do Messias para uma fé de reconhecimento de sua presença real no meio deles, como salvador. Sim, o ressuscitado é o mesmo que fora crucificado, e está presente no meio dos discípulos (onde dois ou mais estiverem reunidos, eu estarei no meio deles). Jesus jamais abandonaria àqueles que escolheu para si.

Tristeza e decepção marcam o coração dos discípulos diante da única certeza que tinham, de que Jesus está morto, Aquele que iria libertar Israel fracassou bem diante de seus olhos, eles viram o seu fim, já faz três dias, e o que lhes resta senão amargar essa frustração? Somando-se a isso, bate-lhes o remoço, pois haviam abandonado o Senhor na hora da sua Paixão. Eles que haviam experimentado seu amor, não foram capazes de acompanhá-lo e ficarem com Ele. Então, diante dessa situação, a consciência e o coração são tomados de remoço, de desolação. O amigo partiu, e agora encontram-se sós, errantes, andarilhos sem rumo, sem saber o que lhes aguarda em Jerusalém. Quando não se compreende a Palavra de Deus, fica-se numa situação desconfortante, sem rumo e sem base verdadeiramente sólida para a vida.

É verdade que a morte destruiu o sonho desses discípulos.

Somente o Ressuscitado poderia fazer algo diferente no coração incrédulo dos discípulos. Somente ele poderia curar essa falta de fé, muitas vezes ingênua e infantil. Nós também sofremos desse mal. Infantilizamos nossa fé quando queremos que Jesus seja de acordo com nossa vontade.

A morte de Jesus havia cavado no coração dos discípulos um grande abismo feito de solidão, tristeza e desesperança. O vazio de suas almas precisava ser preenchido. Assim, como eles estavam tristes, alguns discípulos, na manhã de Páscoa abandonaram a comunidade, abriram mão de seus sonhos, de suas esperanças preferindo viver e voltar tristes para as suas casas. E nós, vamos viver como se Cristo não tivesse ressuscitado, como se quando lemos e ouvimos sua Palavra nosso coração não fosse mais capaz de ser inflamado por Ele? Amados irmãos e irmãs, não arde o nosso coração neste momento? Nossa fé não tem desejo de se dilatar cada vez mais para compreender o grande amor que Deus tem por nós?

A tristeza venda os olhos, obstrui a fé impedindo-a de que cresça dentro de nós. Muitas vezes nós nos sentimos sozinhos, fechados, abandonados por Deus, sem sentir sua presença, sem sentir nada. Parece que nossa esperança desapareceu. Nesses momentos, ele caminha conosco, ao nosso lado; nesses momentos Ele está mais próximo de nós, interessado em nós, acompanhando-nos em nossos sofrimentos. Ele está conosco, Ele que foi morto e ressuscitado.

Eles desabafam com Jesus. Mostra o seu erro: o erro de esperança. Esperavam o que Jesus nunca lhes havia prometido: a ressurreição da monarquia de Jerusalém. Jesus anunciou o Reino de Deus, para todos os homens, e eles queriam o Reino de Israel. Pergunto: O que esperamos do Senhor? De que maneira estamos colocando a nossa esperança nele?

Os discípulos falaram com o Senhor! Foram sinceros, sem máscaras, apresentaram suas esperanças, seus sonhos que se perdiam. Falaram com o Senhor, mesmo sem o reconhecer. Jesus escuta em silêncio, com atenção, com extrema caridade. Devemos aprender a falar com o Senhor, sobre nossa vida, nossas esperanças, nossos sonhos, nosso dia a dia. “Qual o tema da tua oração? O tema da tua vida” (São Josemaria Escrivá). Parece que Ele não nos responde, às vezes, mas é quando Ele faz silêncio para nos escutar. Ele sempre nos escuta. Nenhuma oração nossa é perdida.

Não há como ser cristão, não há como estar nesse caminho de Cristo sem escutar o Senhor nos falando nas Escrituras. Ele nos fala sempre, devemos ter sede para escutá-lo, devemos dedicar um tempo fixo, todos os dias para meditar sua Palavra. Ele nos fala sempre.

Eles reconhecem o Senhor ao partir o pão. “Fica conosco, já é tarde e já declina o dia”: sem Cristo, que explica as Escrituras, voltam às trevas, volta a decepção, a tristeza. Pedimos tantas coisas a Deus, nos falta aprender a pedir o Deus de todas as coisas. “Os não-cristãos podem perguntar-nos: o que Cristo trouxe de bom para o mundo? Continua havendo guerras, mortes, fomes, injustiças, crueldade? O que Cristo o seu Messias trouxe ao mundo? Nós cristãos respondemos: Cristo nos trouxe a Deus, o verdadeiro Deus, e isso nos basta” (Bento XVI, Jesus de Nazaré).

Se pedimos, Ele fica conosco. Ele alimentou o verdadeiro desejo nos seus discípulos, deu-lhes a verdadeira esperança. E por isso, Jesus fica conosco. Como que Cristo fica conosco?

Na intimidade, à mesa, entre amigos, os discípulos o reconhecem. “Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e os entregou”. Isso o Senhor faz para seus discípulos sempre: em cada Missa Ele fica conosco. Eles abriram os olhos e o reconheceram, e Cristo desaparece. Na verdade Ele não foi embora, mas está presente no Pão da Vida. Ele fica como alimento para sua Igreja. A Caminhada de Emaús é uma preparação para o mistério eucarístico. Jesus lhes guiou até esse momento: quis mostrar que está vivo, entre os seus, como seu alimento. Ele é o alimento para quem está no Reino de Deus. Ele fortalece nossa esperança. Na Missa, Jesus nos explica as Escrituras, parte o pão para nós e aquece nosso coração. Ele nos dá a força para o caminho na Eucaristia.

Os discípulos retornam à Igreja. Retornam cheios de disposição, de alegria, abertos ao próximo, à comunidade. A Eucaristia nos leva aos irmãos, faz crescer a comunhão na Igreja. A Eucaristia nos une, faz-nos uma família, alegra-nos o coração.
A Caminhada de Emaús é a caminhada cristã. Podemos partir cansados, desanimados. E Jesus se faz nosso companheiro de caminhada. Escuta nossas palavras, com atenção, com carinho e caridade. Depois Ele nos fala com sua sabedoria, com sua firmeza, com seu amor total. Depois Ele fica conosco, como nosso alimento, e nos dá a força necessária para seguirmos adiante, até a meta eterna. Ele vem a nós e nos busca. Ele quer nossa pessoa toda e quer que nós o amemos, o busquemos. Ele fica por nós na Eucaristia. Em cada Missa Ele nos explica sua vontade, abrasa nosso coração com o fogo do seu amor, com o fogo do Espírito. Caminhemos sempre com Cristo, sempre na Igreja, sempre no seu amor".

Podemos dizer a Jesus, como cumprimento do salmo desta liturgia: Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto de vós felicidade sem limites. Estamos junto de Jesus e experimentamos sua felicidade na Eucaristia.


Por Pe Agostinho Cruz

MARIA: OBEDIÊNCIA E DOCILIDADE QUE NOS CONDUZ À VIDA

Neste terceiro domingo de páscoa e segundo do mês de maio, celebraremos, além dos mistérios da glória de Nosso Senhor, o dia das mães. Aquelas mulheres com quem Deus, o criador por excelência, partilhou o dom da criação.   

            Nessa perspectiva, não podemos deixar de pensar naquela que é a mãe de Deus e nossa Mãe, a Virgem Maria a quem amamos e reverenciamos. Nossa mãe de muitos nomes: Aparecida, das Graças, de Fátima, Rainha da Paz, Mãe das Dores... Maria, menina ainda, quando disse SIM ao anjo, não pensou nas dores que teria de suportar, nem no que diriam a seu respeito. Mas, numa atitude madura e responsável disse SIM à sua vocação: “eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (IS. 7.14). Ora, Maria fora escolhida entre as jovens de Israel não só por ser uma virgem, mas porque era uma serva fiel aos ensinamentos de Deus, uma jovem santa de Deus. Quando o anjo a encontrara no silêncio de sua casa, reflexo de seu coração, ela se assustou, pois, na sua humildade, nunca poderia pensar em ser escolhida pelo Altíssimo. Acolhe assim, por vontade divina, a palavra do mensageiro, silenciosamente, sem dizer, nem sequer ao noivo José, o que nela se realizava. Deus tem o direito de escolher e por isso Ela diz apenas o generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.

            Celebrar as mães é celebrar a vida, é celebrar sua presença amorosa no lar, presença que acolhe, cuida, educa e ajuda a crescer, afinal, não basta gerar, tem que educar. E Maria nos educa e ensina a obediência e confiança em Deus desde o momento da anunciação, ao responder ao anjo: “Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1:38); ou ainda, quando em Caná ordena: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo.2,5), nos mostra, como mãe cuidadosa, a quem devemos seguir e buscar orientação. Mas, tudo isso, Maria nos ensina com exemplos de humildade. 

             O SIM de Maria foi revelador do projeto salvífico de Deus para a humanidade. Pois, “assim como Eva foi seduzida pela conversa de um anjo e afastou-se de Deus, desobedecendo à sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela anunciação de outro anjo e mereceu trazer Deus em seu seio, obedecendo à sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra se deixou persuadir a obedecer-lhe. Deste modo, a Virgem Maria tornou-se advogada da virgem Eva” (Comunidade Shalom). Dessa forma, a desobediência cometida no paraíso foi desfeita pelo SIM da Virgem Maria.
           
            Se Eva nos negou a maternidade segundo Deus havia pensado, Maria vem nos restituir esta graça e vemos isso quando entoamos a Proclamação da Páscoa: “A cera virgem da abelha generosa/ ao Cristo ressurgindo trouxe a luz/Eis de novo a coluna luminosa/ que o vosso povo pra o céu conduz”. É Maria a cera virgem que Deus escolheu para trazer ao mundo a Luz que é o Cristo, aquele que veio para abrir as portas do céu, outrora fechado pela desobediência de nossos primeiros pais. Nisto, vemos também o amor de Deus ao cantarmos na mesma Proclamação: “ó pecado de Adão, indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor, ó culpa tão feliz que há merecido/ a graça de um tão grande Redentor”. O pecado de Adão tornou-se indispensável para que Deus, que é amor, pudesse revelar mais uma vez, seu amor pela Criação. E os mistérios da redenção começaram pelo SIM de Maria.

Maria é agora a nova Arca da Aliança (dentro da Arca era depositada a LEI), que vai trazer dentro de si a Lei definitiva de Deus, seu próprio Filho, Jesus. Por isso, reconhecemos que foi Ela quem primeiro comungou, primeiro recebeu Jesus no coração; a que primeiro anunciou. Ela é capela do santíssimo, sacrário do amor, cujo corpo é um templo escondido e o coração é um altar. Aquela que foi “escolhida para as alegrias do Espírito, considerada digna de entrar no santuário onde refulge toda a glória digna de ultrapassar o véu que nos revela o Santo dos santos”. E a quem eu diria: Maria, diante de ti, oh, eu baixaria os olhos!...Ouvirei muito em breve esta doce harmonia / muito em breve, no céu, ó Maria, irei ver-te! / Tu que vieste sorrir-me na manhã da vida / Vem sorrir-me de novo, ó mãezinha, chegou a tarde! / Não mais receio o brilho de tua excelsa glória / Contigo é que sofri... e só desejo agora cantar sobre teus joelhos / Virgem, porque te amo, é dizer para sempre que sou tua filhinha!”(Ir. Kelly Patrícia)


“Maria é a Figura, o modelo da docilidade e da obediência. Aquilo que Eva fechou pela sua desobediência, Maria abriu pela sua humildade e pelo seu Sim. Ela ajuda a preparar o nosso coração como a manjedoura e fazê-lo morada digna de seu Filho Jesus. Vamos com Maria a caminho de Belém acolher o menino Deus que vem nos salvar.”
Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
(Lib. 5,19,1:20,2;21,1:SCh 153,248-250,260-264) (Séc.II)




Por Dora Adriana Cunha 





sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS SALMOS

        Salmos (psalmus) é a tradução do termo hebraico que quer dizer LOUVORES. Cânticos destinados principalmente ao uso litúrgico do templo de Jerusalém. O Saltério era o livro de oração dos antigos judeus, tornou-se o deleite espiritual para os cristãos, depois de tê-lo sido para o próprio Jesus Cristo. Os Salmos apresentam uma incomparável profundidade religiosa, "todas as cordas do sentimento religioso são neles dedilhadas". Torna-se, assim, o Saltério, o livro de oração da Igreja e da alma cristã. (Bíblia Sagrada Ave-Maria)
        A oração dos Salmos educam para a confiança em Deus, como parte de sua pedagogia onde o Espírito, autor principal da Escritura, prepara desejoso o que há de vir, o tempo do Messias. Os Salmos, a Lei e os Profetas, tecem a liturgia do povo eleito lembrando as bênções divinas e respondendo a estas com louvor e ação de graças. No Saltério a Palavra de Deus se torna Oração do homem. "O mesmo Espírito inspira a obra de Deus e a resposta do homem. Cristo unirá uma e outra. Nele, os Salmos nos ensinam continuamente a orar". (Catecismo da Igreja Católica - CIC)
       Cristo está presente nas ações liturgicas para levar a efeito a sua obra de salvação. Assim, é Ele que se oferece em sacrifício, pelo ministério dos sacerdotes, e que se dá como alimento sob as espécies eucarísticas; é Cristo mesmo que batiza; é Ele quem fala quando se lêem as Sagradas Escrituras nas Igrejas; "presente está, finalmente, quando a igreja reza e salmodia...". (CIC, 1088)
        A composição e canto dos Salmos, acompanhados por intrumentos musicais nas celebrações litúrgicas, aparecem desde a antiga aliança. "A Igreja continua a desenvolver esta tradição: Recitai 'uns com os outros salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração' (Ef 5,19). 'Quem canta reza duas vezes'". (CIC, 1156)
        É certo que desde o começo havia cantores. As festas de Iahweh eram celebradas com danças e coros (Jz 21,19-21; 2Sm 6,5.16). Em Am 5,23, os sacrifícios eram acompanhados de cânticos; o palácio real tinha seus cantores no tempo de Davi, conforme 2Sm 19,36. É evidente também a riqueza religiosa dos salmos, como coleção de cânticos desde Israel. Nos Salmos "o próprio Deus inspirou os sentimentos que seus filhos devem ter a seu respeito e as palavras de que devem servir-se ao se dirigirem a ele. Foram recitados por Jesus e por Maria, pelos Apóstolos e pelos primeiros mártires. A Igreja cristã fez deles, sem alteração, sua prece oficial". O grito de louvor, de súplica e de ação de graças, arrancados dos salmistas diante de suas realidades e experiências pessoais de sua época, tem caráter universal, expressando a atitude que todos devem ter diante de Deus. (Bíblia de jerusalém)
        Na Nova Aliança, porém, o sentido se enriquece. O grito de louvor, a súplica, a ação de graças do salmista se tornam mais ardentes, pois a Última Ceia, a Cruz e a Ressureição, o revelaram o infinito amor de Deus, que o resgatou pelo sangue de seu Filho e lhe infundiu seu Santo Espírito. As esperanças cantadas pelo salmista se realizaram. Eis que o Senhor Deus cumpriu sua promessa; o Messias veio, habitou entre nós; vive e reina para sempre e sua glória não terá fim; está entre nós e em nós; e por isso cantamos alegres e fervorosos o seu louvor.
        Na celebração da Vigília Pascal, uma das mais belas celebrações de nossa Igreja Católica, entoamos nosso grito de louvor, de súplica e de ação de graças a Deus que enviou o seu Espírito, nos guardou, fez brilhar sua glória, nos livrou, nos encheu de alegria, nos deu Palavras de vida eterna e fez nossa alma suspirar por Ele, como a corça suspira pelas águas. 

        Na sequência, os sete salmos da Vigília Pascal.
  



























 





 





Por Dirceu Duarte

domingo, 1 de maio de 2011

II DOMINGO DA PÁSCOA (por Pe Agostinho Cruz)

Arquidiocese de Belém
Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças

II Domingo da Páscoa: Divina Misericórdia e Beatificação de João Paulo II
Dia do trabalhador, Abertura do Mês de Maio

Quero, antes de mais nada, recordar a beleza e o fascínio do renovado encontro dos apóstolos com o Senhor Jesus, vivo e ressuscitado, e que também deve ser o nosso encontro pessoal. A experiência dos apóstolos, em especial de Tomé, foi uma experiência de ouvir, ver, tocar e contemplar o Ressuscitado. É um convite alegre para redescobrirmos a beleza inigualável do encontro pessoal com o Senhor, onde nosso coração deve ser dilatado sempre mais por tão grande amor que Deus tem demonstrado para conosco, fazendo-nos seus filhos pelo batismo.
Não existe prioridade maior para nós, sejamos sacerdotes, religiosos (as), consagrados (as) e batizados do que reabrir nosso interior para que Deus tenha acesso, onde Ele possa falar a nós como amigos e comunicar o seu amor sempre fiel.

“Conhecidíssima e até proverbial é a cena do (Apóstolo) Tomé incrédulo, realizada oito dias depois da Páscoa. Num primeiro momento, não acreditou que Jesus tivesse aparecido em sua ausência e disse: ‘Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, e se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão na ferida dele, eu não acreditarei’” (Jo 20, 25). Do fundo destas palavras emerge a convicção de que Jesus é reconhecível não apenas por seu rosto quanto por suas feridas. Tomé considera que as marcas significativas da identidade de Jesus agora são, antes de tudo, suas feridas, nas quais se revela até que ponto Ele nos amou. Nisso o Apóstolo não se equivoca”[1].

“Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque a minha ferida. Não seja incrédulo, mas tenha fé” (Jo 20,27).  Tomé diante do Senhor reage com a mais profunda e maravilhosa profissão de fé do Novo Testamento: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).  Nós, batizados em Cristo, devemos ser imitadores do Apóstolo Tomé, não na sua incredulidade, mas no seu reconhecimento de Jesus, como Senhor e Deus, como o Cristo e Salvador. Não permitamos que as nossas inquietações e preocupações tomem conta de nossa fé, roubem de nosso coração o desejo de ver o Senhor.
Santo Agostinho, o grande bispo de Hipona e Doutor da Graça, fez um belo comentário sobre este fato: “Tomé via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus, que não via e nem tocava. Mas aquilo que via e tocava o induzia a crer naquilo de que até naquele momento duvidava” (In Iohann, 121, 5).

São João neste seu relato pascal continua com a última palavra de Jesus a Tomé: “Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditam sem terem visto!” (Jo 20, 29). O que Jesus quis dizer a Tomé e às gerações futuras dos crentes? O que o Senhor quer dizer a nós, aqui e agora nesta celebração da Eucaristia? Nosso Senhor definiu um princípio fundamental e fundante para todos nós cristãos que viemos depois de Tomé, quis dizer-nos que somos felizes, benditos porque acreditamos sem ter que fazer a experiência empírica, palpável do Senhor, apenas acreditamos na fé da Igreja, no testemunho dos Apóstolos. São Tomás de Aquino, o grande teólogo, aprofundou essa frase do Senhor, e fez chegar até nós, a fim de que firmemos com segurança nossa fé; eis o que ele nos transmite: “Merece muito mais quem crê sem ver do que quem crê vendo” (In Iohann, XX lectio VI, 2566).

Que importância tem para nós essa experiência de fé pascal do Apóstolo Tomé? Primeiro, porque nos consola de nossa insegurança; segundo, porque demonstra que toda dúvida pode desembocar numa saída luminosa livre de qualquer incerteza; e, por último, porque as palavras que lhe dirige Jesus nos lembram o verdadeiro sentido da fé madura e nos animam a continuar, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Ele.

O Apóstolo Pedro em sua Carta assegura-nos de que é “graças à fé, e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos” (1 Pd 1, 5). A fé é um dom; nós não nos damos a fé, pelo contrário, a recebemos; recebemos da Igreja. Sim, a Igreja é a Mãe que gera e nos educa na fé de seu Senhor e nosso Salvador. Eis o testemunho da Igreja que “confessa , incessantemente, a cada geração que Ele, ‘com toda a sua presença e manifestação da sua pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com a sua morte e gloriosa ressurreição e, enfim, com o envio do Espírito de Verdade, completa totalmente e confirma com o testemunho divino a Revelação” (Conc. Ecum. Vat. II, Consti. Dogm. Sobre a Revelação divina Dei Verbum, 2).

A Igreja tem ciência que seu caminho não é diferente do caminho de seu Senhor e Mestre. A Igreja é a continuadora da ação e Cristo no meio dos homens. Ela prolonga a sua ação salvífica. A verdadeira Igreja de Cristo é alicerçada na fé apostólica, daqueles homens escolhidos por Cristo para formarem o novo povo de Israel, não mais sobre as doze tribos do Antigo Testamento, mas sobre doze homens como nós, simples, mas desejosos de Deus. É deste grupo, ou seja, da Igreja nascente, que é fruto da Páscoa do Senhor, que o Livro dos Atos dos Apóstolos transmite-nos o testemunho, de como agiam por graça e força do Senhor: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). Estes elementos são constitutivos da Eucaristia que hoje celebramos; nos garantem com fidelidade como a Igreja nasceu e como se organizava para celebrar a Ceia de seu Senhor. Amados, fazemos nesta Eucaristia aquilo que os Apóstolos nos transmitiram: Estamos neste momento ouvindo o ensinamento dos Apóstolos acerca de Jesus e de sua Igreja; estamos em comunhão uns com os outros, por isso, rezamos na oração eucarística: fazei de nós um só corpo e um só espírito; a fração do pão que logo mais iremos nos aproximar para receber é o Corpo do Senhor dado a nós como alimento; e as orações que elevamos junto como nosso coração a Deus. Continuemos, na fé a viver este mistério de amor, fruto da Páscoa de Nosso Senhor, que é a Eucaristia, seu Corpo dado para a vida do mundo.

Amados irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor ressuscitado que reacenda a nossa fé durante esse tempo pascal, aumentando em nós a sua graça, a fim de que compreendamos melhor a força santificadora do batismo que recebemos, e que nos lavou, dando-nos por seu Espírito a vida nova em seu Sangue. E ao recebermos seu Corpo e Sangue, exclamemos, no íntimo de nosso coração: “Meu Senhor e meu Deus!”.




[1] Bento XVI. Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo. São Paulo: Planeta, p. 94.


Por Pe Agostinho Cruz


JESUS, EU CONFIO EM VÓS!

Fico pensando sobre Deus e me vêm inúmeras questões a respeito de Seu relacionamento com o ser humano. Isso porque há poucos dias estávamos mergulhados nos mistérios da redenção: Jesus, o filho do Deus altíssimo aceitou ser entregue por amor à humanidade. Agora, no domingo próximo celebraremos a Festa da Divina Misericórdia, fico pensando o que mais Deus tem para nós?

Criou-nos a Sua imagem e semelhança, nos cumulou de dons e capacidades somente reservadas aos seres humanos; preparou, após a desobediência de Adão e Eva, um plano de salvação que envolveu patriarcas, profetas e mártires; na plenitude dos tempos deu seu filho à humilhação e morte de cruz para nos salvar e santificar; enviou homens e mulheres santas para passar também por agruras neste mundo e nos trazer mensagens de esperança e apelos de mudança... Mas para que tudo isso?

Deixando um pouco esse questionamento pensemos acerca de um desses homens que Deus nos enviou: O Papá João Paulo II. As últimas lembranças que trago dele é de um homem frágil, cujas mãos trêmulas e cabeça baixa, demonstravam debilidade. Mas seria mesmo essa a verdade sobre aquele que ficou conhecido como o peregrino do amor? Sabemos que não. O Santo Padre foi um dos enviados por Deus com a missão de levar a Boa Nova a todos os povos e assim o fez, com amor e zelo. O futuro beato era sem dúvida um homem de oração. Imagino-o em oração contemplativa e profunda, daquelas que nos elevam e ponto de ouvirmos nitidamente a voz de Nosso Senhor ao coração. Podemos constatar isso na forma como vivia sua missão.

Outra lembrança que trago, bem mais marcante que a aparente fragilidade, é a de suas chegadas aos países que visitava em peregrinação: ajoelhava-se e beijava o solo. Nos tempos de Jesus o beijo era um símbolo de fraternidade e de respeito, os convidados a um banquete eram beijados à entrada da casa – cf. Lucas 7. 45; os antigos cristãos se saudavam com um beijo – cf. Romanos 16.16. Um dos que não esquecemos foi o beijo de Judas, o beijo da traição, tornou-se tanto mais vil e odioso devido ao fato de um ato de amor fraternal ter sido usado como ato de deslealdade – cf. Mateus 26. 49. João Paulo II beijava o solo que visitava em sinal de fraternidade, humildade e respeito. Ouso compará-lo ao beijo que os padres dão no altar do sacrifício, pois Deus fez o nosso planeta e, assim, todo solo é santo, porque d’Ele é criação e de onde o homem retira seu sustento. O beijo de João Paulo era o beijo de adesão à cruz de Cristo, fazendo a Páscoa durante toda sua vida sacerdotal.

João Paulo II foi e sempre será retrato da misericórdia de Deus, sua vida nos inspira bondade, humildade e serviço ao plano salvífico de Deus para a humanidade. A partir disso, podemos voltar a pensar sobre os questionamentos iniciais que nos instigam nesta reflexão: o que mais Deus tem para nós?

Em Maio de 2000, o Papa João Paulo II, instituiu a Festa da Divina Misericórdia para toda a Igreja, decretando que a partir de então o segundo Domingo da Páscoa passaria a se chamar Domingo da Divina Misericórdia. Vemos nesta inspiração divina mais uma demonstração do amor de Deus por nós e que toda a história da salvação está marcada pela revelação de um Deus que não pactua com o mal (o pecado, a soberba, a mentira, o ódio etc.), mas que vence o mal pelo bem, ou seja, com seu amor misericordioso para com o pecador, com seu coração paterno que se “contorce” pelos filhos (Os. 11,8).
 Jesus, o Cordeiro de Deus, agora glorioso, vem a nós jorrando água e sangue de seu santo coração. E, na promessa à  Irmã Faustina, uma humilde religiosa polonesa, diz: "Neste dia, estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das penas e culpas. Neste dia, estão abertas todas as comportas divinas pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de mim.”

Não bastasse o sacrifício de Jesus, mas uma vez o amor misericordioso de Deus é derramado de forma generosa sobre a humanidade, trazendo aos pecadores, cujas almas agonizam em um aparente bem estar, nova oportunidade de salvação, quem sabe a última: Minha filha, fala ao mundo da Minha misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça (D. 848); “Estou dando à Humanidade a última tábua da salvação, isto é, o refúgio na Minha misericórdia (D. 998; cf. 1228).
Eis o que Deus ainda tem e sempre terá por nós: misericórdia. Não desiste de nós porque nos ama e nos diz como devemos nos derramar neste amor. Suplicar-lhe que nos lave nesse mar de amor generoso. De nossa parte cabe pautar nossas vidas à semelhança de Maria Santíssima e de João Paulo II, servos fieis e continuamente unidos a Deus, em súplica pela humanidade. Sejamos vigilantes e que a mensagem da divina misericórdia nos ajude a viver em constante processo de reconciliação com Deus!


"Nenhum de nós poderá esquecer que no último domingo de Páscoa de sua vida, o Santo Padre, marcado pelo sofrimento, foi até a janela do Palácio Apostólico Vaticano e deu a bênção ‘Urbi et Orbi’ pela última vez. Podemos estar seguros de que nosso amado Papa está agora na janela da casa do Pai, nos vê e abençoa. Sim, abençoe-nos, Santo Padre”.  (Bento XVI)

Jesus, eu confio em Vós!




Por Dora Adriana Cunha