No decorrer desta santa semana vivenciamos com a Igreja os últimos acontecimentos antes do maior triunfo que a humanidade já teve notícia, ponto culminante de nossa fé: a Páscoa, a qual não deve ser vista como um acontecimento final, mas como o início de um momento novo.
A liturgia deste tempo nos oferece a oportunidade de celebrarmos e sentirmos com Jesus toda a mística de Sua paixão, morte e ressurreição. Desde o Domingo de Ramos, passando pala celebração da última Ceia, pelo tríduo pascal, adoração à Santa Eucaristia, celebração da Paixão do Senhor, pelo silêncio e recolhimento do Sábado Santo para, finalmente, culminar na explosão da vigília pascal, onde entoaremos com fé forte e renovada o canto de Aleluia. A liturgia católica, fruto da sabedoria do Espírito Santo, nos leva a transcender e atingir o que é divino, lembrando-nos de que somos frágeis e pecadores, por isso mesmo é que necessitamos dessa aproximação com o Senhor, que nos espera na vivência de seus mistérios.
Os mistérios que envolveram os últimos momentos de Jesus na terra formam a mais pura demonstração de amor: o Deus que se faz homem e decide ser humilhado, crucificado e agonizar sentindo dores inimagináveis que o levaram à morte. Que outra razão senão o amor explicaria tal escolha? É isso mesmo, Deus ofereceu seu filho por amor à criatura feita à Sua “imagem e semelhança” (Gen. 1,26). Viver bem a Semana Santa e fazer a Páscoa é criar consciência desse amor; um amor que redime, santifica e salva. É buscar a conversão, simples e verdadeira, pois só assim honraremos tamanho amor e daremos sentido a nossa existência e ao sacrifício de Jesus na cruz.
Carregar a cruz não foi tarefa fácil, mas Jesus já a fez e nos mostrou o caminho da redenção. De nossa parte cabe buscar n’Ele a força, entregar nossas dores e desalentos numa atitude de decisão, como a que ele fez por nossa salvação. Precisamos ter constância em nossa decisão. O beijo na cruz na Sexta-feira deve ser um beijo pautado no amor decidido, convicto, pois ainda que sejamos fracos e vacilantes, Deus é maior e o sacrifício de Seu filho está sempre diante de nós para mostrar a direção.
Fazer a páscoa é exatamente isso, um beijo de adesão à cruz de Cristo; é carregar nossa própria cruz sabendo que Ele a ilumina; é saber que com Ele morreremos para com Ele ressuscitarmos. Morreremos ao pecado para ressuscitarmos para uma vida nova. O sacrifício de Jesus nos mostra que “a força divisória do mundo não é a guerra, mas o amor” e, por isso, devemos buscar a constância no amor e na conversão.
“A alma que busca a Deus e permanece em seus desejos e comodismo, busca-o de noite, e, portanto, não o encontrará. Mas quem o busca através das obras e exercícios da virtude, deixando de lado seus gostos e prazeres, certamente o encontrará, pois o busca de dia.” (São João da Cruz)
Feliz Páscoa!
Por Dora Adriana Cunha
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